Foto: Fabricio Vargas (Divulgação) / Vereadores petistas Daniel Diniz, Valdir Oliveira, Luciano Guerra e Celita da Silva (na primeira fila) estão divididos desde eleição de comissão
Um racha na bancada do PT na Câmara de Vereadores de Santa Maria mobilizou as principais lideranças da sigla, o deputado federal Paulo Pimenta e o deputado estadual Valdeci Oliveira. A crise, que iniciou em fevereiro durante a formação das comissões permanentes da Casa, teve seu ápice na segunda-feira, quando os quatro vereadores do partido - Daniel Diniz, Luciano Guerra, Celita da Silva, Professora Celita, e Valdir Oliveira - se reuniram com a presidente municipal, Helen Cabral, para tentar acalmar os ânimos. O clima foi tenso e Diniz ameaça deixar a liderança do partido e a presidência da Comissão de Constituição e Justiça, Ética e Decoro Parlamentar (CCJ), a principal da Casa. Até o final de semana, ele pretende realizar uma reunião com quem o indicou para ver se continua no comando da comissão. Quanto à liderança do partido, ele vai esperar uma reunião com líderes do partido.
Troca de farpas marcou a primeira sessão do ano na Câmara
Diniz é acusado por Celita de ter descumprido acordo interno em que os petistas que assumissem cargos de liderança não seriam presidentes de comissões permanentes. Diniz se defende e diz que o momento é de defender a liberdade do ex-presidente Lula, que cumpre prisão em Curitiba desde sábado por ter sido condenado a 12 anos de prisão no caso tríplex. Ele argumenta que sua indicação para presidir a CCJ partiu das bancadas do PRB, PSD, PTB, PSB e Rede, que integram o chamado G11 desde o final do ano passado. A eleição da presidência da CCJ gerou disputa entre o G11 e o bloco de situação.
- Minha responsabilidade está acima de qualquer interesse individual de mandato A ou B - diz o parlamentar, que solicitou uma reunião de toda a bancada com Pimenta, Valdeci e Helen, ainda em abril, para tratar das divergências.
Para Celita, que cobrou, na reunião interna, a quebra do acordo, o episódio foi superado.
Governo Pozzobom perde espaço também nas comissões da Câmara
- Hoje, nossa briga é pela liberdade do Lula. Agora, não tem que mexer (nas comissões e na liderança da bancada). Só em 2019.Para mim, é caso encerrado - diz a vereadora.
Valdir Oliveira, que é líder da oposição, defende a permanência de Diniz na liderança da bancada e na presidência da CCJ.
- Falei com o Pimenta, fiz todos os movimentos. Este ano não tem como mudar. Foi só um ruído - ameniza Valdir.
Guerra, que está do lado de Celita, disse que havia acordo interno para que ele e a vereadora presidissem as comissões de Saúde e de Direitos Humanos, respectivamente.
- No dia da sessão, quando vi o Daniel sendo indicado para presidir a CCJ, achei que fosse um acordo entre ele e a Celita. Isso poderia ter se resolvido. Roupa suja se lava em casa - ressalta Guerra.
Tom de confronto entre governo e oposição na primeira sessão do ano da Câmara de Vereadores
Manoel Badke (DEM), do bloco governista, vice-presidente da CCJ, lembra que houve acordo para resolver impasse na própria CCJ quando da formação da comissão. Por isso, ele defende uma reunião entre os 21 vereadores para decidir a vaga de presidente, caso Diniz renuncie.
MOÇÃO
Outro episódio recente mostra a divisão da bancada petista. Na sessão do dia 3, Guerra e Celita votaram a favor do envio de uma moção de apoio ao general Walter Braga Netto, interventor na área de Segurança do Rio de Janeiro, proposta por Badke. Valdir e Diniz votaram contra.
A presidente Helen Cabral não nega o clima pesado da reunião de segunda-feira, mas aposta na pacificação.
De 180 projetos aprovados pela Câmara de Vereadores em 2017, 98 são leis
- Todo mundo entrou em campo, a gente está numa força-tarefa para unificar a bancada. Estamos num momento tão difícil com a prisão do Lula e temos que nos mobilizar para outras lutas - ressalta Helen.
Celita e Diniz pertencem à mesma corrente petista, a PT Amplo, liderada por Pimenta, enquanto Guerra e Valdir pertencem ao grupo O petismo é maior, liderada por Valdeci.